sábado, 31 de maio de 2008




200 Anos da Costa-Nova

(Fascículo 16)

Mas o seu aparecimento iria alimentar uma outra polémica, muito referenciada na época, já que o pequeno palacete se viria a tornar, rapidamente, o centro de reunião das elites mais abastadas, a nata da society em gozo de férias, provocando uma certa debandada dos notáveis, das festas da Assembleia, até ali o centro do divertimento que albergava todas as camadas sociais. Para os salões daquela avantajada casa, trespassou-se o sarabandear louco das nádegas mais escorchadas da praia. Por detrás das suas paredes servia-se chá em baixela de filete dourado, V.A, ou vertia-se champanhe francês em taças acristaladas da mesma origem. A norte, no salão Arrais Ançã, aconchegava-se uma mais prosaica pequena burguesia, em diversão mais variada e próxima, mas não menos ruidosa. Eles bebericando um ou outro tinto bairradino por caneco de esmalte, embornalando umas folarengas fatias vindas de Vale d’Ílhavo; elas debruçadas nas limonadas servidas em plebeus púcaros alavários, refresco sempre útil para arrefecer dos jucundos amorosos e a bem suportar o abafadiço do salão.

Mais tarde, no edifício Pinto Basto, viria a ser instalada a Pensão «Astória», gerida por Ana dos Santos Figueiredo, a que seguiu a «Marisqueira», do galego Otero.




Pensão Astória


Empurrados e acantonados lá para o sul, por detrás da casa «Pinto Basto»ali se foram concentrando os palheirões de salga e comércio do peixe, ladeados por uns tugúrios muito simples, muito toscos, uns desconjuntados palheiros distribuídos no areal sem obedecer a qualquer tipo de alinhamento, agregados como se fossem ilhas. Por vezes com uma única porta brochada a óleo e zarcão, e um postigo espreitando no alçado; a deixar entrar luz para o interior, onde na mor das vezes, apenas havia uma cozinha (com uma pedra de 1*1 para a lareira) e um quarto onde se estirava toda a família; quando não agregados em um único espaço onde se consumia toda a vida familiar. Esta simplicidade extrema estava em consonância com a pobreza das famílias que abrigavam, gentes muito simples e humildes sem outras aspirações ou desejos que não os da sobrevivência, vivendo ao sabor da prodigalidade ou da avareza, incertas, da natureza. Pelo areal que rodeava as toscas habitações, estendiam-se, dependuradas a secar, estendais de roupas, suestes e redes, misturadas com raias e cações a crestar ao sol; na borda, podia-se encontrar escaço amontoado, à espera de ser misturado com o moliço que ali se vinha descarregar para tratamento das glebas do sul, que começaram no início do novo século começaram a receber o esforço do homem na tentativa de as tornar terras de pão.


Palheiros a sul


Por detrás do referido edifício «Pinto Basto», no seu resguardo, ficava o fundeadouro, o mar da palha dos chinchorros, e onde um ou outro moliceiro fazia a sua mota de descarrego das ervagens.



Malhada a sul


Mesmo defronte do referido prédio, do lado nascente foi construída uma lingueta, local onde se embarcava o peixe nos «mercantéis»,depois de o lavar.

Lingueta de lavagem e embarque
(cont)

Um comentário:

YASPOWER disse...

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