terça-feira, 10 de junho de 2008






200 Anos da Costa-Nova

(fascículo 20)

Nota imp: Por reacerto final, a numeração dos capitulos foi alterada;no aspecto e texto, tudo se mantem
10.10 - A quinta do «Cravo»

Desde 1933 que Manuel Cravo Júnior, habitual licitante da cobrança de impostos indirectos no Concelho (só o do vinho rendia 72.200$00, valor notável) iniciou um processo para que lhe fosse atribuído o aforamento de uma extensa área, situada a norte/nascente do agregado urbano, onde pretenderia implantar uma exploração agrícola. Sem ter, sequer, iniciado a mesma, pede posteriormente uma outra faixa de terreno contigua e que confrontando com o anterior ia, a norte, até ao arruamento que ia da «casa Taveira» em direcção ao mar. O aforamento tinha o valor de 50$00 /ano.


10.11 - O posto de telégrafo e telefones

Era notória e vital a necessidade da existência, na Costa-Nova, de um meio de comunicação, expedito, com o exterior. Reclamava-se, para tal fim, uma estação telegráfica e de telefones. Era urgente resolver a questão dos correios, pois a vinda diária, a Ílhavo, de um carteiro para levantar a correspondência, não satisfazia; e até o pequeno pormenor da venda de selos se levantou. Considerava-se ser fundamental para quem vinha de férias, ter possibilidade de contactos, rápidos e expeditos, com o exterior, facilidade que o progresso das comunicações vinha a estender por todo o País, vindo ao encontro das novas necessidades do tempo.
Em 1936 a Câmara solicita - e é-lhe concedido - o estabelecimento de um posto de correio, telefone e telégrafo, na Praia, oferecendo para o efeito, a casa, para a instalação do mesmo. Plenamente justificada a iniciativa dos serviços públicos, no encontrar de resposta para um problema insistentemente posto por habitantes e veraneantes, porquanto no ano anterior, Amadeu Telles que efectuava esse serviço no seu «Coração da Praia», recusara-se a continuar a prestação, obrigando a deslocar a venda de selos para a pensão «Azevedo».


10.12 - Salas de Cinema

Em 1943 a firma Vizinho & Rebocho, inaugurará um salão cinema na Av. da Bela Vista, a que deu o nome de Cine-Avenida. Já anteriormente, esta firma tinha feito exibições de «sonoro» no Salão Rafeiro, sito por detrás da pensão com o mesmo nome.
Seria, posteriormente nesse local que viria a ser construído o Cine Bela Vista, pelo empresário António Félix.

Uma imagem do que foi o Cine Avenida

A Costa-Nova, adquire, pois e definitivamente, até meados da década de 40, a sua estrutura urbana, que se manterá praticamente imutável ao longo dos anos. Um ou outro arranjo, mas nada que lhe mude, estruturalmente, a forma e o desenvolvimento.


11 - Retrato Social (1900-1940)

11.1 - A primeira geração

A presença na Costa-Nova, no final do século, de figuras de topo do panorama social, político e cultural do País, largamente noticiada nos jornais da época, entre outros Eça de Queiroz, Antero de Quental, António Feijó, Alberto Oliveira, Arc. Bilhano, Calixto Ferraz, Eduardo Mourão, José Maria Ançã, Samuel Maia, e da escritora D. Antónia do Prado, que eram visitas assíduas do Cons.Luís Magalhães, despertaria a atenção para o sítio - que Eça[1] dizia ser um dos mais deliciosos pontos do Globo - conferindo-lhe lugar de relevo de entre os centros de lazer que então se afirmavam, um pouco por todo o litoral norte. A Costa-Nova assumir-se-ia como local privilegiado, distinguido pelas elites, locais e distritais, para encontro anual com os espíritos letrados da época, numa espécie de vernissage cosmopolita. Os abastados proprietários, os comerciantes, os físicos, os boticários, os políticos locais, os grandes lavradores e os clérigos,

Os abastados proprietários


vinham com as famílias - ou para lá as enviavam, rendendo-lhes visita semanal - para a praia, para gozo dos banhos. Mas não eram apenas as elites concelhias locais; de fora, das redondezas, especialmente de Aveiro e Águeda, chegavam barcas carregadas com utensílios, géneros, colchões, vinho, lenha e outros, e nelas embarcadas vinham as famílias ávidas de tomar, senão os banhos gélidos, pelo menos usufruir dos ares do mar.



O Eucalipto[2]

Localmente uma nova burguesia culta, afirmava-se com aspirações já muito ousadas. Dela faziam parte, entre outros, João Carlos, Teodoro Craveiro, Viriato Teles, João Quininha, Dinis Gomes, Victor Quaresma, Eduardo Craveiro, Artur Razoilo, José Guerra, José Paradela, Américo Teles, José Guerra; António Redondo, Evangelista Ramalheira, Guilhermino Ramalheira, Artur Sacramento, Manuel Ramalheira, José Craveiro, David Rocha, João Telles (Saguncho), Manuel Guerra, Manuel Mano, Manuel Marta.


Grupo do S.Paio ínício Séc. XX

Do lado feminino despontavam muitas flores que cirandavam em volta desta elite, oferecendo a beleza estonteante e provocante às chispas abrasadores provindas de olhares que muito embora conspícuos, eram desafiadores. Eram muitas as mais mimosas, as mais belas e mais sedutoras, de onde ressaíam: Rosinha Vieira, Lourdes Chuva, Dadinha Lé, Benilde Lau, Felicidade Mano, Ermenegilda Picado, Rosa Chuvas, Berta Ramalheira, Soledade Violante, Maria Adelaide, Beatriz dos Santos e muitas, muitas(!) outras, pois se houve matéria em que Ílhavo foi pródigo, terá sido no ramalhete farto de beldades femininas que aqui foi gerado.

Costa-Nova 1926

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[1] Para melhor conhecer a estadia de Eça, na Costa-Nova, ver «Palheiro de José Estêvão» in www.senosfonseca.com

[2] Este Eucalipto serve como grande referência à datação das fotografias. (antes e depois de 1920)





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